terça-feira, 1 de novembro de 2011

Análise: Batman: Arkham City


Seis meses depois dos acontecimentos de Batman: Arkham Asylum muita coisa mudou. O administrador do Asilo Arkham que estava concorrendo ao cargo de prefeito, Quincy Sharp, se aproveitou do trabalho realizado por Batman no Asilo e se vangloriou o responsável pelo controle do local, com isso conquistou o voto dos eleitores e se tornou o prefeito de Gotham City.
O seu primeiro ato como prefeito foi juntar os criminosos presos no Asilo Arkham e na Prisão Blackgate em um só local, um distrito urbano chamado de Arkham City. Devido aos diversos problemas encontrados nas prisões, Quincy Sharp move os prisioneiros para Arkham City e cria apenas uma lei: Ninguém poderá sair de lá. Arkham City, local onde o jogo se passa, é uma cidade dominada por criminosos e vilões, repleta de armadilhas e emboscadas.
A história de Arkham City começa cerca de um ano após o término de Arkham Asylum. Bruce Wayne, oBatman, está realizando uma conferência de imprensa contra Arkham City. Para ele a cidade é uma bomba relógio prestes a explodir, pois acredita que juntar todos os prisioneiros da cidade em um só lugar não foi uma boa ideia.
Neste momento entra em cena Hugo Strange, responsável pelo projeto de Arkham City e nomeado pelo próprio prefeito de Gotham City. Bruce Wayne é pego de surpresa durante a sua conferência e é sequestrado pelos capangas de Strange. Adivinha onde Wayne vai parar? Isso mesmo: em Arkham City.
Com Bruce Wayne “preso” em Arkham City, Strange poderá dar continuidade ao seu plano secreto chamado de “Protocol 10″. Neste momento Batman entra em ação e decide explorar a cidade e descobrir o que significa o “Protocol 10″ e o que Strange planeja com ele.
A pequena introdução feita acima mostra o quão profunda e complexa é a história de Batman: Arkham City. O jogo coloca o jogador em uma imersão total no mundo de Batman, juntando uma quantidade enorme de vilões em apenas um lugar.
Os vilões mais famosos do homem morcego (Coringa, Duas-Caras, Pinguim, Hugo Strange, Arlequina, Ra’s al Ghul) estão diretamente ligados a história principal do jogo, enquanto os demais (Charada, Bane, Zsasz, Hera Venenosa, Pistoleiro, Chapeleiro Louco) aparecem em missões secundárias não menos importantes. O jogo ainda conta com a participação de outros personagens importantes como a Mulher-Gato, o Robin, Talia al Ghul, Alfred e o Oráculo.
Sim, a quantidade de personagens é incrível e não espere nada menos do que isso da história. Nela conheceremos mais sobre os principais vilões e amigos do Batman. A aparição de cada um deles acontece de forma natural e intriga o jogador que simplesmente não consegue parar de jogar. Mas o maior trunfo deBatman: Arkham City não está na quantidade de personagens, ou na enorme cidade que pode ser explorada livremente. Antes de falar dele, eu te pergunto:
Quem é o Batman?
Durante toda a minha infância eu vi o Batman como o super-herói mais humano de todos. Ele não foi picado por uma aranha geneticamente modificada, ele não veio de Asgard com seu martelo divino e muito menos foi atingido por raios gamma. O Batman é apenas um ser humano com muito treinamento e dinheiro, que conseguiu utilizar a tecnologia a seu favor para combater o crime (isto é muito bem representado no filme Batman Begins). Entretanto, esta infância que citei nunca foi preenchida por horas de leitura de quadrinhos do Batman, eu conhecia o personagem apenas pelos filmes e desenhos.
Ou seja, eu sempre soube quem era a Mulher-Gato, o Pinguim, o Charada e o Coringa, mas não fazia ideia de quem era o Salomon Grundy, o Pistoleiro, o Chapeleiro Louco ou o Homem Calendário, e muito menos que existia mais de um Robin (Asa Noturna?). Mas com poucas horas de jogo, eu já me sentia a pessoa mais conhecedora da história do homem morcego, não apenas por todas as informações que ela nos fornece, mas também porque ela prende o jogador de uma forma tão absurda que até na Wikipedia eu entrei para conhecer um pouco mais sobre os personagens. Está ai o maior trunfo do jogo, a forma como ele consegue conquistar o jogador, sendo ele fã ou não do Batman, leitor ou não de suas histórias em quadrinhos, expectador ou não dos seus filmes.
O mundo de Batman: Arkham City é livre, ou seja, você poderá explorá-lo como bem entender. Enquanto as missões da história seguem uma ordem lógica, as missões secundárias podem ser realizadas a gosto do cliente. Além disso, se você comprou o Catwoman Pass (ou Passe da Mulher Gato), poderá realizar missões específicas com a gatinha. Para completar, o jogo ainda possui centenas de Charadas (são pequenos troféus em forma de ponto de interrogação) a serem capturadas na enorme cidade de Arkham, igual em Batman: Arkham Asylum.
Estas charadas, quando capturadas, liberam mapas de um modo de jogo totalmente separado, onde o personagem charada desafiará você a cumprir centenas de objetivos. Se a história do jogo em si, mais as suas missões secundárias já garantem pelo menos duas dezenas de horas de diversão, prepare-se para muito mais neste modo de jogo.
Aqui você poderá utilizar o Batman, a Mulher-Gato (depende de DLC), o Robin (depende de DLC) e até mesmo o Asa Noturna (depende de DLC) para encarar desafios em locais específicos do jogo. Estes desafios normalmente variam entre eliminar inimigos de uma forma específica a eliminar todos os inimigos em diversos “rounds”.
Apesar de não possuir um modo online propriamente dito,  Batman: Arkham City possui uma funcionalidade interessante que está totalmente ligada a este modo de jogo. Em todos os desafios do Charada você somará pontos que serão enviados para um ranking online. Ali você poderá comparar o seu desempenho com o desempenho de seus amigos ou mesmo de todos os jogadores ao redor do mundo. É mais uma forma de incentivar a jogatina dos desafios do Charada, modo excelente para quem quer dar uma pausa na história principal apenas para surrar alguns capangas se aproveitando da fantástica jogabilidade do jogo.
Por falar em jogabilidade, o jogo segue a linha bastante completa de Batman: Arkham Asylum. Tudo gira em torno dos seus equipamentos, que podem ser acessados rapidamente através do direcional esquerdo ou através de teclas de atalho (normalmente combinando  + , por exemplo). Conforme o jogo passa, você obterá novas técnicas de luta e novos equipamentos que deixarão o seu personagem ainda mais forte e mais ágil nas lutas. Entretanto, prepare-se para decorar uma quantidade bastante grande de combos e movimentos, que serão essenciais para eliminar inimigos específicos. Jogadores mais casuais sentirão certa dificuldade de se acostumar com a quantidade de opções e comandos, mas como os equipamentos são adquiridos com o tempo, a curva de aprendizagem é bastante simples.
Outro ponto muito importante do jogo é a sua fantástica ambientação. Arkham City é uma cidade abandonada, tomada por bandidos e vilões que não estão preocupados com a limpeza ou restauração da cidade. A impressão que temos é justamente de uma cidade vazia, sem vida, totalmente escura (o jogo inteiro é passado durante a noite). Apesar dos gráficos não serem épicos, conseguem representar muito bem o ambiente, aumentando ainda mais a imersão do jogador na cidade.
Já os personagens merecem uma menção especial. Enquanto os bandidos secundários se repetem pelo mapa, os vilões e personagens principais receberam um capricho único, tornando ainda mais atrativa a história. Não espere o Batman vestido de cinza e azul, ou o Robin de verde e amarelo. A visão do jogo é muito mais noire (escura) e é assim que os personagens são representados.
E não adiantaria em nada os personagens serem fielmente representado se suas vozes não acompanhassem o mesmo nível de qualidade. Fique tranquilo, pois neste ponto o jogo também é muito bom. Quem jogou Batman: Arkham Asylum pode esperar uma dublagem muito parecida, com as mesmas vozes para os principais personagens. Aqui dois deles ganham destaque: Coringa por sua forma descontraida e esculaxada de falar e Batman, a personificação do verdadeiro machão, provavelmente porque após escovar os dentes ele faz gargarejo com óleo de caminhão.
Agora, você vai reclamar que não fala inglês e não entende simplesmente nada do que está sendo falado durante o jogo. Eu te respondo dizendo que o jogo está totalmente (exceto as vozes, graças a Deus) em português do Brasil. Isso mesmo, menus, legendas, mapas, localizações, nomes de personagens, tudo foi traduzido para o nosso idioma e com uma qualidade absurda. Se jogar videogame já é muito bom, jogar entendendo é melhor ainda, não é verdade?
Batman: Arkham City é uma sequência de respeito para Batman: Arkham Asylum, o jogo consegue ser melhor que seu antecessor em todos os aspectos e tornará qualquer um fâ do homem morcego. A história é longa, densa e recheada de detalhes, existem missões secundárias que adicionam informações ao jogo, os personagens são únicos e sua ambientação é fantástica. E depois de dezenas de horas para finalizar a história e todos os desafios do Charada, você ainda poderá se entreter com a enorme quantidade de extras que são desbloqueados conforme você joga.
Posso afirmar que Batman: Arkham City é um dos mais completos jogos da atual geração. Forte candidato a melhor jogo do ano e um exemplo a ser seguido por todas as outras produtoras que pensam em criar um jogo de super-herói. Obrigatório para qualquer jogador que gosta de jogos de aventura e ítem de colecionador para quem gosta do Batman.
9.5/10
Excelsior: Jogo que dispensa comentários por sua excelência e qualidade. Se existem falhas ninguém sabe, ninguém viu, porque o que é bom, é tão bom, que ninguém se preocupará com a parte ruim (se é que ela existe).
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