quarta-feira, 19 de março de 2014

O novo Oculus Rift é muito bom e você vai poder ter um ainda este ano

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Pergunte a qualquer um na indústria dos games sobre qual a tecnologia mais esperada para o futuro, e há grandes chances de que a resposta será o Oculus Rift, headset de realidade de virtual que está em desenvolvimento. A boa notícia é que, até o fim deste ano, desenvolvedores (e entusiastas) poderão comprar a última versão do hardware, que é realmente muito boa.
A Oculus VR, empresa que desenvolve o Oculus Rift, abriu nesta quarta a pré-venda do kit de desenvolvimento do acessório. Esta versão do  headset é completamente nova, bem diferente do DevKit 1, que estava sendo usado desde o último ano para todos os tipos de experimentos. Nós, inclusive, já testamos o DevKit 1 por aqui
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O DevKit 2 (ou “DK2″, como a empresa está chamando) irá usar a mesma tecnologia que o protótipo que deixou tanta gente animada e impressionada durante a Consumer Electronics Show que aconteceu em Las Vegas no começo deste ano.
O primeiro kit de desenvolvedor do Oculus Rift está disponível há cerca de um ano, mas ele não foi feito para o consumidor final. Você não pode simplesmente conectá-lo ao seu PC e imediatamente sair jogando as versões de realidade virtual de seus jogos favoritos.
Felizmente, os primeiros que compraram os kits eram desenvolvedores, programadores, modders e pessoas que poderiam fazer jogos como Crysis e Team Fortress 2 funcionar no Rift. Até agora, muitos outros jogos e experimentos sem relação alguma com games foram adaptados por pessoas que conseguiram configurar o software e fazer tudo funcionar.
Mas mesmo com tanta coisa interessante disponível, havia a sensação de que o protótipo inicial do Rift ainda era limitado. Quando sairia uma versão em alta resolução? Como a empresa iria resolver o problema de náusea e tontura que algumas pessoas apresentavam quando usavam o aparelho? Em outras palavras, quando uma nova e melhorada versão Rift seria lançada?
Eu testei o novo Rift na última terça e tenho algumas observações a fazer, mas antes disso, vamos dar uma olhada nas especificações técnicas:
- A empresa afirma que os novos acessórios estarão disponíveis para a pré-venda a partir desta quarta. O Oculus Rift será lançado oficialmente em julho deste ano.
- Os aparelhos serão enviados aos consumidores por ordem de pedido.
- Este novo DevKit ainda não é a versão voltada ao consumidor final e não é destinada ao público leigo. O aparelho tem como alvo os desenvolvedores que querem aprender a criar jogos para o Rift. É claro que isso não impede que não-desenvolvedores comprem o DevKit.
- Cada headset irá custar US$ 350, US$ 50 a mais do que a primeira versão. Ele ficou mais caro por conta da câmera que registra os movimentos da sua cabeça.
- O DevKit 2 tem uma resolução de 960×1080 por olho, totalizando 1920×1080, ou 1080p nos dois olhos. Ele usa uma tela OLED de baixa persistência.
- A tela terá taxas de atualização de 75Hz, 72Hz, e 60Hz.
- O DevKit 2 usa um giroscópio, um acelerômetro e um magnetômetro para rastreamento de inércia, e os sensores irão ter taxa de atualização de 1000Hz.
- Sem os cabos, o Oculus Rift pesa 440 gramas.
- O headset vai continuar sendo chamado de Rift. “Crystal Cove” era apenas um apelido para o projeto de desenvolvimento do DevKit 2, mas não é o nome comercial do headset.
- Assim como no protótipo de Crystal Cove, o DevKit 2 vai conseguir registrar os movimentos da sua cabeça por meio de uma câmera, que deve ser instalada em um ponto fixo da sala. Assim, você pode se inclinar para perto de objetos no jogo e o seu ponto de vista se aproxima deste objeto. Isso deixa a experiência muito mais imersiva.
- O novo headset é um pouco diferente do protótipo Crystal Cove. Agora ele é todo preto e mais elegante do que a primeira versão do Oculus Rift.
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Sim, o Oculus Rift é muito legal

Ontem, durante um evento que rolou nas proximidades da Game Developers Conference, em São Francisco, eu conversei com um pessoal da Oculus e testei a nova versão do Rift. No geral, eu fiquei bastante impressionado com o DevKit 2, e me diverti demais testando o acessório. Minhas impressões vão abaixo.

Novo Rift > Velho Rift

Para começar, eu fiz um teste rápido com o DevKit 1 e o novo DevKi2. Eu tinha usado muito pouco a primeira versão do Rift, em parte porque não fui aos eventos oficiais que a Oculus promoveu e também porque eu queria esperar um pouco até que a tecnologia estivesse mais avançada.
O demo do DevKit 1 foi relaxante. Eu estava sentado em uma cadeira em uma varando observando o oceano em um paraíso tropical. Eu podia me virar e olhar o que estava atrás, algo que é realmente revolucionário, mas a baixa resolução e os movimentos embaçados eram um pouco desconfortáveis.
Na mesma demonstração no DevKit 2 já foi possível notar um grande avanço. As telas são mais brilhantes e a resolução é significativamente melhor. Apesar de ainda ser possível perceber a existência da tela (a imersão não é 100%), tudo ficou muito mais claro. Eu não posso dizer se a suavização da imagem faz com que o uso do headset fique mais confortável. Eu ainda preciso de mais tempo de teste para ter certeza.
Meu campo de visão mudava com muito mais precisão quando eu me mexia e, o melhor de tudo, eu podia me aproximar de objetos e minha visão acompanhava. Se e quando você tiver a chance de testar o novo headset, eu tenho certeza que você vai se assustar um pouco na primeira vez que fizer esse movimento.
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Colocando minha cabeça na nova Unreal Engine

Minha próxima demonstração foi baseada numa versão da Unreal Engine 4. Apesar de toda a poderosa tecnologia gráfica presente, a imagem ainda fica um pouco distorcida e não são tão nítidas como os vídeos de demonstração da tecnologia.
Na demonstração, o grande demônio que já vimos neste vídeo estava sentado em um trono na minha frente, e abaixo dele estava um grupo de pequenas criaturas que caminhavam em uma espécie de labirinto. Eu tinha o mesmo tamanho que o grande demônio, então eu podia me inclinar para olhar de perto as pequenas criaturas e acionar diversas armadilhas no labirinto.
É muito louco jogar algo parecido como um tower defense ou jogo de estratégia em tempo real e poder se aproximar tão facilmente do cenário. Para não perder o clichê, é possível dizer que o Oculus Rift “me colocou dentro do jogo” de uma maneira maravilhosa. Eu nem posso imaginar os vários tipos de jogos que podem ficar muito mais divertidos com essa tecnologia, isso sem contar outras aplicações como turismo virtual, shows ao vivo, cinema…

Pequenos cavaleiros destruindo a sala de estar

A última demo que testei era um game de dois jogadores que me colocou em uma sala de estar virtual com outro cara que também estava lá testando o novo Rift.
Eu coloquei meu headset, olhei para frente e vi uma cena estranha de um homem deitado em um sofá. O homem parecia estar sem seus órgãos internos, como se fosse uma bexiga murcha. Depois eu olhei para baixo e percebi que eu também estava murcho em um sofá. Foi perturbador e me deixou um pouco desorientado.
Estávamos prontos para começar a partida. Assim que olhamos para frente, a câmera que detecta os movimentos da cabeça entrou em ação e colocou nosso campo de visão na mesma altura. Eu me aproximei do outro cara, e vi a sua cabeça se movimentar também dentro do jogo. É estranho e incrível ao mesmo tempo.
Na mesa à nossa frente (na sala de estar virtual) havia dois cavaleiros de animação, um para cada jogador. Usando meu controle, eu podia pilotar meu cavaleiro pela sala fazendo ele pular, desferir golpes de espada e atirar bolas de fogo contra meu adversário.
No começo, a gente ficou restrito à mesa no centro da sala, mas logo percebemos que era possível lutar com os cavaleiros por qualquer canto. Era possível derrubar o abajur, se esconder nos móveis e até pular no colo do meu oponente flácido no sofá. Quando o cavaleiro adversário pulou no meu colo virtual, eu me encolhi (na vida real). Aquela coisa estrava estava ali bem na minha frente tentando me dar golpes de espada. Graças ao sistema de detecção de movimento de cabeça do DevKit 2, quando eu recuei, meu ponto de vista se afastou do cavaleiro no meu colo. É difícil explicar com palavras, mas o movimento é muito real.
Depois eu coloquei meu cavaleiro atrás de mim e tive que me virar para acompanhar seu progresso. Foi um daqueles momentos em que você pensa: “cara, eu estou fazendo algo que nunca fiz antes”.

Eu não queria parar de jogar

Nós jogamos por cerca de uma hora, e eu não queria parar. Eu ainda quero voltar lá e jogar um pouco mais para poder entender completamente essa nova experiência e tentar me acostumar a ela.
Em julho, os novos headsets vão começar a ser enviados para quem fez a pré-compra e eu mal posso esperar para ver os experimentos que irão surgir.
E tomara que não demore muito para que a versão finalizada do Oculus Rift seja lançada para o público “comum”. Se a tecnologia continuar avançando nossa velocidade, o mundo da realidade virtual vai ficar cada vez mais interessante.